quarta-feira, 19 de setembro de 2012

TELEVISÃO: APÓS 31 ANOS, CARLOS LOMBARDI TROCA GLOBO PELA RECORD

Carlos Lombardi
Carlos Lombardi, que assinou contrato com a Record esta semana após 31 anos na Globo, esteve ontem no RecNov, visitando as instalações da central de produção da emissora. A previsão é de que o autor escreva a novela que sucede a “Balacobaco”, de Gisele Joras e direção de Edson Spinello, prevista para estrear em outubro. Vamos relembrar alguns de seus trabalhos na GLOBO:
A primeira novela como autor titular foi Vereda Tropical (1984), um grande sucesso, que lançou a linha homônima de perfumes femininos e que também contou com supervisão de texto de Sílvio de Abreu. Tendo como base a linha de Sílvio—expressa em Guerra dos Sexos e Jogo da Vida -- foi uma divertida e envolvente trama, com momentos puramente anárquicos e de comédia pastelão, pouco usuais na TV até então.
Uma característica fundamental nas suas tramas é o enredo cheio de ação, humor, diálogos rápidos e sarcásticos, se aproximando muito da linguagem cinematográfica e das histórias em quadrinhos, receita que seguiu em Bebê a Bordo (1988), outro grande sucesso.
Prosseguiu com Perigosas Peruas (1992) -- na qual contou com a supervisão de texto de Lauro César Muniz -- que não obteve o mesmo êxito de suas obras anteriores. Após essa escreveu Quatro por Quatro (1994), considerada por muitos a sua melhor novela. Conheceu o fracasso com Vira Lata (1996), que foi muito criticada por setores da opinião pública devido à promiscuidade de alguns personagens.
Enquanto nas telenovelas Uga Uga (2000) -- que abordou de maneira escrachada a cultura indígena -- e Kubanacan (2003) -- alegoria ambientada em uma republiqueta latino-americana dos anos 50 -- o sucesso voltou, dividiu profundamente a crítica especializada, principalmente quanto às inúmeras reviravoltas das histórias—vistas por alguns como inadequadas para a linguagem televisiva—e à relativa nudez de seus elencos, sobretudo do casting masculino.
Com Pé na Jaca (2006), outra novela produzida dentro da linha que o consagrou, não conseguiu atingir os índices de audiência esperados pela direção da Rede Globo, embora tenha conquistado um público cativo e fiel.
Escreveu também a polêmica minissérie O Quinto dos Infernos (2002), onde recontou em tom satírico a passagem da Família real portuguesa pelo Brasil, não poupando para isso o uso do erotismo e do retrato caricato de personalidades reais, obra vista por muitos—principalmente por historiadores brasileiros e portugueses—como uma pornochanchada histórica; por conta disso, veículos de comunicação como o jornal lusitano Correio da Manhã a criticaram bastante, bem como os descendentes dos monarcas.
No segundo semestre de 2008, escreveu o seriado Guerra e Paz, exibido às sextas-feiras e que teve origem em um especial de final de ano homônimo veiculado em 2007. Em 2009, auxiliou Glória Perez na novela Caminho das Índias durante alguns capítulos enquanto a autora tinha alguns problemas pessoais a resolver. Mesmo assim, ele não foi creditado na abertura.
Sua griffe é portanto essencialmente polêmica: há os que o consideram um verdadeiro mestre por desafiar e retrabalhar frontalmente os clichês e convenções da teledramaturgia brasileira, oferecendo criações tidas por seus admiradores como complexas e surpreendentes. Contudo seus detratores o vêem como um autor apelativo e pouco talentoso.

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