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quarta-feira, 21 de julho de 2010

SESSÃO SOFÁ







Obrigatório para todos que já fizeram, fazem ou pretendem fazer sexo um dia.

Ao longo do ano, acabamos tendo surpresas gratas e totalmente imprevisíveis. Esta é uma daquelas raras ocasiões em que um filme supera suas expectativas de contar história além de seus sonhos mais loucos. Com pouca publicidade, sem pretensão nenhuma e praticamente desacreditado, o filme baseado no livro de Valérie Tasso simplesmente será capaz – na minha opinião – de deixar qualquer um boquiaberto.

Diário Proibido conta a história de Valérie, uma garota francesa de classe média em Barcelona que conta suas aventuras através de um diário e narra suas experiências sexuais desde sua iniciação no vício pelo sexo na adolescência até sua vida como garota de programa e todas as situações entre esses dois extremos.

Palmas para o diretor Christian Molina por ter criado momentos quase líricos, e não ter usado o exagero nas cenas lúdicas, como alguns diretores europeus são tentados a fazer. Pelo contrário, ele abusa bastante da realidade nua e crua do sexo para chocar o espectador. Infelizmente algumas cenas de sexo tem aquela artificialidade hollywoodiana, mesmo sendo mais softcore e bonitas, o que custou meio ponto nessa crítica, mas isso com algumas mini-falhas de edição são as únicas críticas a se fazer pra esse filme. Custa pontos pois sexo é o pivô que gira a história da protagonista. No resto, da música a escolha de fotografia, tudo perfeito.

O elenco foi a melhor junção de todos os tempos – esse ano claro – com direito a lendária Geraldine Chaplin como avó de Valérie. Belén Fabra não só é linda, de uma forma não plastificada e nada estereotipada, como também é uma atriz absolutamente surpreendente. Ela consegue literalmente passar tudo com um único olhar. Nota especial para a participação curta porém marcante de Leonardo Sbaraglia no papel do instável Jaime. Realmente convenceu. Tiveram vários outros que se saíram bem também.

Quando primeiro vi cartaz, sinopse e material a respeito, não teve como não lembrar os quinhentos outros filmes sobre prostituição e/ou sexo misturado a adolescência “desvirtuada” por assim dizer. Claro que a adaptação de 100 Escovadas foi a primeira a ver na cabeça. Pensei logo “Mais um?”. Apenas para me ver totalmente equivocado. Inclusive, comparando com o filme citado, este fez tudo que o outro deveria fazer… chocar, repensar, emocionar, abalar. Apesar de não ter lido o livro, deve ser maravilhoso e este sim merecia ser lido por adolescentes do mundo inteiro e não um que fala somente sobre descobertas adolescentes corriqueiras e uma família complicada. Esse diário, diferente de muitos outros, apresenta não só uma jornada de auto-conhecimento, mas uma jornada de conhecimento dos preconceitos, conceitos e desmistificações das instituições corriqueiras das mulheres.

Não estou falando por conhecimento de causa, pois não sou do clube do útero. Mas é fato que a repressão sexual ainda vigente e a falta de um tapa na cara para acordar o mundo de que mesmo uma viciada em sexo pode aprender mais sobre amor, respeito e vida do que muitas pessoas ditas “normais” é uma lição de vida inacreditável e de forma totalmente inusitada.

Por essas e outras, é mais que recomendado que você vá na locadora “cult” mais próxima – já que esse tipo de filme com cenas fortes de sexo não caem nos cinemas – e confira um filme lindo, forte, sensual, fantástico e com vários outros adjetivos que não me compete dizer aqui.

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