quarta-feira, 14 de julho de 2010

SESSÃO SOFÁ







"Eu sou o mestre do meu destino,

Eu sou o capitão da minha alma."

Com esse trecho do poema de William Ernest Henley, a linda história sobre um esporte pouco poularizado mundialmente unindo um povo dividido marca presença e assusta pelo grau de qualidade inspiração que traz para o espectador. Velhos titãs do cinema voltam a se encontrar em funções diferentes na produção de cunho histórico, épico e até mesmo dramático. Sensibilidade diretorial e show de atuação são os pontos fortes dessa produção que merecia concorrer a alguns prêmios mesmo.

Invictus é inspirado em fatos reais, mostra como Nelson Mandela (Morgan Freeman) juntou forças com o capitão do time de rugby Sul-africano Fançois Pienaar (Matt Damon) para ganharem a copa mundial de rugby. O objetivo era um só, unir uma África do Sul pós-apartheid que se encontrava ainda mais dividida. Clint Eastwood volta depois de Gran Torino, com um filme muito melhor. Não escondo que não curti muito Torino pela sua direção, e principalmente atuação, caricata de um Dirty Harry. Invictus seria uma grande redenção – para mim pelo menos – de Eastwood na direção que controla cada aspecto de fotografia, efeitos e até detalhes simples como o uso magistral da câmera lenta, sem exageros, durante o clímax do filme. Música, caracterização de época… tudo feito com muito capricho. Ele mistura a “macheza” de Torino, com o capricho de A Troca e dá muito certo. O roteiro é de Anthony Peckmam em cima do livro de John Carlin.

O ponto alto do filme é, sem sombra de dúvida é a atuação de Morgan Freeman. Assustadoramente, ele encarnou Nelson Mandela com trejeitos, sotaque, até a tremidinha de mão ao acenar para o público. O nível de detalhes é ridiculamente grande. Damon, por sua vez, ganhou trocentos quilos de massa muscular, encorporou o sotaque afrikaner e fez uma de suas atuações mais expressivas de toda sua carreira. Os atores mais desconhecidos, acompanhando os dois, tanto os brancos, negros e os “guarda-costas multi-raciais”, deram um bom serviço de atuação também.

O filme é inspirador em todas as formas possíveis e mostra o poder do esporte em uma homenagem que caberia a praticamente qualquer modalidade. A competição gera o sentimento de união e isso é indiscutível na “moral da história” do filme. Obviamente, tudo isso é pano de fundo para o tema principal, o perdão. Mandela tenta gerar perdão entre duas populações extremamente ofendidas, os brancos e negros na África do Sul pós-apartheid. O filme serve para mostrar que apenas populismo não constrói uma grande nação das cinzas do separatismo, é necessária muita estratégia, inteligência, sensibilidade e, principalmente, humanismo. Isso poucos estadistas na história possuíram até hoje.

Eastwood faz um jogo fantástico com o controle do tempo do filme. Ele parece um pouco cumprido para uma história que poderia ser bem mais curta, talvez tentando preencher as duas horas padrão do cinema, por isso meia-caveirinha de desconto… Por outro lado, ele usa a contagem de tempo de forma impressionante. Do começo frenético de cenas de telejornal criando o clima, até o climax em super-câmera lenta, dando a impressão que o tempo está praticamente parando, até o encerramento apoteótico. É impossível não imaginar que todos os brasileiros vão se identificar com o clima “copa do mundo” que o filme cria. Se você substituir África por Brasil e Rugby por Futebol, é evidente que você vai se identificar, até mesmo se for mais novo recém-saído das fraldas, com o pentacampeonato que nosso país varonil ganhou. Uma história suave para as moças, com bastante macheza para os cuecas e um clima épico, cheio de tomadas abertas, efeitos especiais sutis e muito sentimento de torcida. Ótima diversão para essa quarta-feira e nem preciso dizer que fica como principal recomendação. Ainda mais, depois desta copa devagar quase parando de 2010...kkkkk

Onde locar?

MIAMI VÍDEO (Av. T-63, 933, Setor Bueno - Fone: (62) 3255-9474)

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